
Abel Ferreira é intocável no Palmeiras? Críticas após eliminado no Mundial
O técnico é intocável no Palmeiras? Essa é a provocação que começou a esquentar os bastidores do Verdão após a eliminação traumática para o Chelsea no Mundial de Clubes 2025. Quem levantou essa bola foi o experiente jornalista Mauro Cézar Pereira, conhecido por não ter papas na língua e colocar o dedo na ferida quando o papo é futebol de verdade.
A saída precoce do Palmeiras no torneio mundial gerou uma enxurrada de críticas e reflexões. Mas o que chamou mais atenção foi o diagnóstico feito por Mauro durante sua participação no programa esportivo Canelada. Para ele, o Verdão vive um momento em que Abel Ferreira se tornou maior que o clube no comando das ações. Um técnico com enorme crédito, é verdade, mas que segundo o comentarista, precisa ser mais contestado diante de certos desempenhos.
Eliminação do Mundial: a gota d’água?
Na última sexta-feira, o Palmeiras foi eliminado nas quartas de final do Mundial de Clubes ao ser derrotado pelo poderoso Chelsea. O placar de 2×1 carrega também um incômodo: a falha grotesca do goleiro Weverton, uma das lideranças do elenco e símbolo das conquistas recentes. Mas segundo Mauro Cézar, não se trata apenas de um erro individual. “O problema é estrutural”, comentou o jornalista ao analisar o desempenho em campo.
Para ele, o time alviverde não consegue reproduzir, em campo, a qualidade que apresenta no papel. E mais: demonstra limitações criativas no momento ofensivo. “O Palmeiras tem dificuldade para criar. A fase é ruim há um tempo, e os reforços não resolveram”, alfinetou o comentarista.
Palmeiras dependente de Abel Ferreira?
O ponto mais álgido da crítica é justamente a relação do clube com o técnico português. Mauro vê um Verdão que não se questiona, que parece incapaz de imaginar um cenário alternativo. “É como se não houvesse vida sem a atual comissão técnica”, disparou.
Vale lembrar que Abel Ferreira é o técnico mais vitorioso da história recente do clube, tendo conquistado Libertadores (duas vezes), Copa do Brasil, Paulista e Brasileirão. Seu nome foi, merecidamente, alçado ao panteão de ídolos do Palmeiras. Mas sucesso passado não é garantia de imunidade eterna.
Curiosamente, nas últimas janelas de transferência, mesmo chegando novos nomes ao elenco, o desempenho tático da equipe não evoluiu. A crítica de Mauro vai além: ele sugere que falta cobrança interna e diálogo real com o treinador. “Quem tem estofo dentro do clube para chamar o Abel e perguntar ‘o que está acontecendo?’”, questionou com veemência.
Momentos de glória que ofuscam a crise atual
Não tem como negar que o trabalho de Abel deixou uma marca histórica. O elenco comandado por ele conquistou títulos importantes e ficou conhecido pela consistência defensiva e objetividade. Porém, o que se observa em 2025 é um Palmeiras mais previsível e frágil ofensivamente. Algo que pesa, principalmente, nos mata-matas decisivos e clássicos importantes.
Nesse cenário, Mauro Cézar evoca uma frase que resume sua crítica: “O jogo é ruim, mas o treinador é blindado”. Para ele, essa blindagem pode se tornar um problema institucional, com o clube refém de uma figura que já deu muito certo, mas que também precisa ser cobrada quando não entrega o mesmo padrão.
Reflexos no Campeonato Brasileiro e Libertadores
Quando se olha para as demais frentes da temporada, as ressalvas ganham ainda mais peso. No Campeonato Brasileiro, o Verdão perdeu a liderança ao cometer tropeços em jogos em casa, justamente quando era necessário mostrar força. Já na Libertadores, a primeira fase foi sólida, mas ainda assim precisa ser vista com cautela. Como bem lembra Mauro, “fase de grupos não significa nada se não render nos jogos de verdade”.
O risco é claro: ser eliminado novamente e comprometer o ano inteiro, mesmo com um elenco forte e recheado de talentos como Raphael Veiga, Gustavo Gómez, Endrick (que está em seus últimos momentos com a camisa verde) e companhia.
Clube deve renovar com Abel? Eis o dilema
Com o contrato de Abel chegando em seu último ano, já existe nos bastidores uma movimentação sobre uma possível renovação até 2027. Mas após o revés no mundial e a sequência inconsistente, será que esse é o momento ideal para garantir a extensão do vínculo sem nenhuma cobrança em contrapartida?
Mauro é taxativo: “Uma renovação automática pode consolidar ainda mais uma relação sem questionamentos. O Palmeiras não pode fugir da responsabilidade de debater seu futuro com clareza e menos emoção”.
A verdade é que a renovação de Abel dividirá opiniões dentro e fora do clube. Parte da torcida continua confiando cegamente no treinador. Outra, mais crítica, exige uma reformulação ou pelo menos mais ousadia nas ideias de jogo.
O caso Estêvão e a perda de força ofensiva
Um capítulo à parte dessa novela é o jovem Estêvão. Vendido recentemente ao próprio Chelsea, que eliminou o Verdão, o garoto fica disponível só até o fim da temporada. Sua ausência será muito sentida. Estêvão vinha sendo uma das poucas peças criativas num setor do time que claramente carece de inspiração.
Com isso, o técnico sabe que precisará apostar em alternativas e montar um ataque mais eficiente. E os reforços? Até agora, não surtiram o efeito desejado. O espanhol Bruno Tabata, outro reforço aguardado, tem oscilado. Já Richard Ríos e Flaco López são apostas que ainda buscam consistência.
Será que o Palmeiras de Abel estagnou?
É nesse ponto que mora a grande pergunta da temporada. O trabalho de Abel Ferreira chegou ao teto? Existe espaço para renovação interna — seja de ideias, estratégias ou mesmo troca de comando? Ou estamos vendo apenas uma oscilação natural de um ciclo ainda competitivo?
Para Mauro Cézar, o problema não é perder uma partida, sequer ser eliminado de um torneio grande. Isso acontece. A questão está em como o clube reage — ou se recusa a reagir. “O técnico precisa apresentar algo novo. O futebol precisa voltar a ser ofensivo. Criativo. Vibrante. E isso não está acontecendo.”
Palmeiras precisa olhar para dentro
Como se sabe, gestões de futebol de alto nível trabalham com metas claras e cobranças contínuas. O Palmeiras atual parece ainda viver à sombra das conquistas passadas e protelar um choque de realidade. Algo que, em clubes como Flamengo, Atlético e mesmo o atual líder da Série A, Botafogo, é tratado com mais frieza e menos laços emocionais com os comandantes.
Todo o respeito a Abel Ferreira é merecido. Isso não está em debate. Mas blindar um técnico a ponto de impedi-lo de ser cobrado enfraquece a instituição. Afinal, o futebol é um jogo de resultados — e principalmente, de evolução constante.
Conclusão: hora do Palmeiras repensar sua relação com Abel
Mauro Cézar, com a franqueza que o caracteriza, fez muito mais do que uma crítica pontual. Ele acendeu uma luz amarela importante: talvez o Palmeiras esteja caminhando para um momento em que o “gratidão demais” possa custar a competitividade do time.
Enquanto a temporada avança, com Brasileirão e mata-matas da Libertadores pela frente, o torcedor palmeirense fica com a pulga atrás da orelha. Afinal, será que a diretoria vai apenas seguir o fluxo… ou terá coragem de desafiar um ídolo, por mais desconfortável que esse confronto possa parecer?