
Palmeiras: a dependência de Abel Ferreira e a crise de desempenho
O comentarista Mauro Cézar Pereira não poupou críticas e lançou um alerta direto à diretoria do Palmeiras: segundo ele, o clube estaria vivendo um momento de dependência extrema do técnico Abel Ferreira, algo que, na visão do jornalista, prejudica o desenvolvimento do futebol apresentado em campo. Essa análise surgiu após a eliminação do Verdão para o Chelsea nas quartas de final do Mundial de Clubes, em uma atuação que deixou muitos torcedores e analistas frustrados.
Para Mauro, o Palmeiras parece estar preso a uma relação de comodismo com sua comissão técnica atual, o que impede mudanças estratégicas importantes. “Há uma tolerância exagerada com o momento atual do trabalho. Justo agora, quando o time precisa urgentemente mostrar mais criatividadede
e alternativas táticas,” criticou o jornalista em participação no programa Canelada, da Jovem Pan.
Palmeiras em crise de desempenho?
A fala de Mauro Cézar toca em um ponto que vem ganhando força entre torcedores e especialistas: o Palmeiras, que já teve um futebol dominante nos últimos anos, hoje não consegue repetir o mesmo padrão de atuação mesmo com contratações recentes. A equipe encontra dificuldades em ser criativa no ataque, criando poucas chances claras e pecando na hora de finalizar. Pra um elenco tão forte, isso soa como um desperdício claro de potencial técnico.
O que agrava essa situação é que, apesar das críticas recorrentes, Abel Ferreira parece blindado dentro do clube. Raramente há declarações públicas da diretoria questionando suas escolhas. Além disso, o treinador sempre demonstrou personalidade forte e não escondeu sua insatisfação com críticas, o que contribui para a imagem de alguém intocável no comando alviverde.
Renovação ou ruptura?
Um ponto levantado por Mauro pode levantar ainda mais debate nos bastidores do Verdão: a possível renovação contratual de Abel Ferreira. “O normal seria uma conversa com a comissão técnica. Profissional. Mas quem, no clube, tem a banca de chamar o treinador pra uma conversa sincera e cobrar resultados?” questionou o jornalista.
E ele vai além: “O time perdeu em casa, perdeu a liderança no Brasileirão, e só vem apresentando algo razoável na fase de grupos da Libertadores. Isso pode não significar muita coisa se não evoluir”. A insatisfação com o rendimento atual é latente, mesmo entre parte da torcida que antes defendia Abel com unhas e dentes.
O que está em jogo no futuro do Palmeiras
É impossível falar do Palmeiras hoje sem mencionar o impacto que a eliminação no Mundial de Clubes pode ter dentro e fora dos gramados. A queda diante do Chelsea, marcada por uma falha decisiva do goleiro Weverton, é um golpe duro. A frustração fica ainda maior quando se lembra que o Palmeiras coleciona eliminações em momentos decisivos contra gigantes europeus — algo que virou uma cicatriz para os torcedores.
Com a volta à realidade do futebol nacional, o Verdão agora precisa reorganizar o foco. O time segue forte na Libertadores 2025, mas terá que superar desconfianças internas e externas. A saída de Estêvão, principal joia da base, negociado justamente com o Chelsea, agrava ainda mais a situação pela perda de qualidade técnica em campo e a crítica simbólica de que o clube exporta seus talentos antes de explorar seu potencial máximo.
Bastidores e pressão
Internamente, comenta-se que já existe certa inquietação entre conselheiros e diretores que esperavam mais nesta temporada. A estabilidade de Abel Ferreira poderia estar garantida pelo histórico de conquistas, como os dois títulos da Libertadores (2020 e 2021), mas no futebol a memória é curta: o que conta de verdade é o que se entrega no presente.
Se o técnico mantiver o atual padrão de desempenho nos próximos jogos, não será surpresa se o ambiente começar a ferver. E não estamos falando apenas de críticas públicas, como a de Mauro Cézar. A torcida, principalmente nas redes sociais, têm cobrado mudança de postura, mais ousadia e, principalmente, vitórias contundentes.
O lado de Abel Ferreira: gênio ou teimoso?
É preciso também olhar o outro lado da moeda. Abel Ferreira é um treinador que mudou o patamar do Palmeiras, ninguém pode negar. Deu à equipe uma identidade competitiva, soube explorar contra-ataques como poucos e montou sistemas defensivos solidíssimos. No entanto, essa fórmula vencedora parece ter envelhecido aos olhos de muitos.
Muitos adversários já entenderam como o Palmeiras joga. E, embora Abel se destaque pela inteligência, há quem diga que ele se tornou previsível e teimoso, insistindo em esquemas já ‘manjados’ pelos rivais. Isso, aliado à falta de repertório ofensivo, empurra o time para atuações sem brilho – e os resultados, inevitavelmente, ficam abaixo das expectativas.
E aí entra o ponto levantado por Mauro Cézar: será que a diretoria do clube não deveria, pelo menos, chamar o treinador para uma avaliação crítica da temporada? Fazer um balanço sincero, identificar falhas e exigir melhorias? Porque, caso contrário, o risco de um 2025 decepcionante é real.
Comparações com outros clubes
Não dá pra ignorar o cenário ao redor. Quando olhamos para Flamengo, Atlético-MG e Grêmio, por exemplo, vemos clubes também pressionados a entregar títulos, mas que já mostraram abertura para troca de técnicos quando necessário. No futebol de alto nível, lealdade ao treinador é importante, mas não pode se tornar obstáculo à evolução tática ou técnica da equipe.
Aliás, o próprio Chelsea, carrasco no Mundial, é exemplo claro de que grandes clubes europeus são implacáveis com resultados ruins. Trocas no comando técnico são comuns e fazem parte de um modelo onde rendimento e performance são reis.
O que precisa mudar no Verdão?
Para que o Palmeiras volte a encantar, é imprescindível que haja uma avaliação sincera dos caminhos táticos escolhidos por Abel. O time, hoje, sofre para criar jogadas de profundidade, tem dificuldade de alternativas quando o jogo não encaixa e, pior, oscila demais em partidas-chave.
Mais do que cobrar o treinador, talvez o clube precise estruturar melhor sua retaguarda esportiva: um executivo de futebol experiente e com autonomia real para dialogar com Abel sobre ajustes necessários. Um elenco de alto nível como o alviverde pede mais do que bons nomes. Pede comando, visão estratégica e ousadia.
Conclusão: fim da era Abel?
Essa talvez seja a pergunta que ninguém quer fazer oficialmente, mas que ecoa nos bastidores. Ninguém ignora os títulos e o legado vitorioso criado por Abel Ferreira no comando palmeirense. O que se questiona é: ele ainda é o técnico certo, neste momento, para fazer esse elenco render tudo o que pode?
A resposta, para Mauro Cézar, parece clara: o Palmeiras está estagnado sob a liderança atual, e precisa reagir com seriedade. “Não dá pra achar que não existe vida sem essa comissão técnica. O clube é maior que qualquer técnico ou jogador,” disparou.
E você, torcedor palmeirense, o que acha? Já passou da hora de cobrar mais ou ainda acredita que Abel tem cacife para dar a volta por cima?
Agora é olhar pra frente
Com o fim da aventura no Mundial, o Palmeiras precisa colocar a cabeça no lugar. Ainda há Brasileirão e Libertadores pela frente, e dá sim para transformar a frustração em combustível. Mas pra isso, será preciso mais do que palavras: precisará de futebol de verdade dentro das quatro linhas. E, talvez, de um choque de realidade nos bastidores também.