
Marcos Oliveira é inesquecível como Mãozinha em A Viagem
Marcos Oliveira, eternizado na memória afetiva do público como o cômico Beiçola da série A Grande Família, também deixou sua marca em uma das novelas mais enigmáticas já exibidas na tela da Globo: a inesquecível A Viagem. A trama, recheada de espiritualidade, vida após a morte e reencontros surpreendentes, tem conquistado mais uma geração com sua reprise no “Vale a Pena Ver de Novo”. E a participação do veterano ator é mais uma carta na manga da obra-prima escrita por Ivani Ribeiro.
Participação especial em um clássico da TV brasileira
Embora muitos associem a imagem de Marcos Oliveira ao boteco do Lineu em A Grande Família, o ator foi muito além da comédia e também se aventurou no drama espiritualista de A Viagem. Na produção, que originalmente foi ao ar em 1994, Marcos interpretou Mãozinha, um dos comparsas do personagem central Alexandre, vivido por Guilherme Fontes.
Apesar de ser uma participação de menor duração, a atuação de Marcos no papel de Mãozinha teve impacto real nos primeiros capítulos da novela. Seu personagem surgiu como parte do núcleo criminoso que cercava Alexandre antes do assassinato que desencadeia toda a trama. A presença de Mãozinha nas cenas do presídio, especialmente nos diálogos e interações com Alexandre, adicionou complexidade e intensidade à narrativa.
A Viagem: uma novela que transcende o tempo
Não é exagero dizer que A Viagem é uma das novelas das nove que mais mexeu emocionalmente com o público. O folhetim toca em temas profundos, como perdão, arrependimento, reencarnação e as consequências das escolhas na vida terrena e espiritual.
Escrita por Ivani Ribeiro e dirigida por Wolf Maya e Paulo Ubiratan, a novela foi um remake de uma versão transmitida pela Tupi em 1975. No coração da história está Alexandre, um jovem inconsequente que, após cometer um crime, se suicida na prisão. Sua alma, repleta de ódio, retorna para assombrar os vivos — e é aqui que a linha entre realidade e espiritualidade se desfaz de forma brilhante no roteiro.
Marcos Oliveira: versatilidade dentro e fora da comédia
Antes de brilhar como Beiçola e mesmo depois de impressionar em papeis cômicos, Marcos demonstrou grande habilidade para composições mais densas. Sua figura franzina e sua voz característica tornaram-no um artista singular dentro do nosso audiovisual.
Em A Viagem, ele traz para Mãozinha uma energia desconcertante — o tipo de presença que faz você se perguntar se há mais por trás daquele olhar aparentemente tranquilo. Marcos imprimiu nuances que fugiam dos estereótipos, transformando uma participação modesta num registro marcante dentro da trama. E isso é algo que os verdadeiros fãs de novelas sabem reconhecer: quando um ator entra em cena e, mesmo com poucas falas, entrega tudo.
Bastidores místicos: o lado sobrenatural das gravações
Se você achava que o clima espiritual de A Viagem era apenas coisa de ficção, prepare-se. Diversos integrantes da equipe relataram ter vivenciado situações fora do comum nos bastidores — cenas cujas gravações precisaram ser interrompidas por falhas técnicas inexplicáveis, aparições estranhas e até objetos que se moviam sozinhos.
Esses relatos viraram quase uma lenda urbana entre noveleiros e reforçaram ainda mais o status da produção como um marco espiritual da teledramaturgia brasileira. Curiosamente, muitos dos envolvidos no elenco dizem ter sentido um tipo de “energia diferente” durante todo o processo de gravação — o que só aumentou a comoção do público e alimentou teorias até hoje sobre a influência do “além” na obra.
Volta triunfal ao “Vale a Pena Ver de Novo”
A decisão da Globo de reprisar A Viagem mais uma vez mostra o poder atemporal da narrativa. A novela já passou por inúmeras reexibições — 1997, 2006, 2014 e 2020 — sempre com índices de audiência impressionantes. E agora, com o contexto atual de redescoberta de clássicos, a história volta a ganhar fôlego, conquistando um público novo nas tardes da emissora e reacendendo a paixão dos antigos fãs.
A relevância da novela é tanta que nomes como Guilherme Fontes, Christianne Torloni e Antônio Fagundes voltaram aos holofotes em entrevistas recentes, revivendo a experiência de terem integrado um dos projetos mais marcantes da televisão brasileira.
O impacto de Mãozinha na construção dramática da trama
Mãozinha, embora não seja o vilão nem o protagonista do folhetim, é essencial para apresentar ao público o ambiente em que Alexandre se encontra após ser preso. É com figuras como ele que entendemos a teia de relacionamentos e influências que alimentam a revolta interna do personagem central.
Marcos Oliveira aparece como esse figura dúbia, às vezes sarcástica, às vezes moralista, que encarna a complexidade do ser humano em situações-limite. E como em toda boa novela das nove, é nos detalhes que os personagens crescem — e foi isso que o ator fez com maestria.
O legado de A Viagem para as próximas gerações
Exibir novamente A Viagem é mais do que revisitar um sucesso: é permitir que os novos espectadores vivenciem uma obra potente e necessária em tempos onde a reflexão sobre espiritualidade e empatia se faz urgente. E ao trazer de volta nomes como Marcos Oliveira ao imaginário popular, a novela contribui para o reconhecimento de trajetórias artísticas que merecem eterno aplauso.
O elenco da novela, recheado de astros como Eva Wilma, Lucinha Lins, Andréa Beltrão e Fernanda Rodrigues, formou uma verdadeira constelação de talento, que, juntos, elevaram o nível da teledramaturgia brasileira. Marcos Oliveira fez parte dessa engrenagem e sua atuação, mesmo breve, é símbolo disso.
Protagonistas, coadjuvantes e os eternos imortais da TV
A verdade é que nas grandes novelas — aquelas que ficam para sempre na memória cultural do Brasil — todos os personagens, dos protagonistas aos coadjuvantes, têm sua importância. Foi o caso de Marcos, que mostrou que, mesmo em participações curtas, o talento fala mais alto.
Com sua volta ao “Vale a Pena Ver de Novo”, A Viagem reafirma seu poder de fazer pensar, emocionar e envolver. E a presença de Marcos Oliveira nela ecoa como um lembrete da grandeza de nossos artistas e da magia da televisão brasileira quando feita com alma e propósito.
Se você ainda não acompanha essa reprise, fica o convite. Afinal, assistir A Viagem é também fazer uma viagem interior. E Marcos, com seu Mãozinha, é mais um companheiro nesse percurso pelo lado mais sensível da vida — e além dela.